2005 – Rota Inca: Natal, Argentina, Chile e Bolívia

Este relato foi copiado com pequenas adaptações do blog de nossos amigos, companheiros de viagem e principais escrivães,
Suzete e Marco Aurélio com a participação direta do Cabralito e também a colaboração de todos os demais participantes da expedição.
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INTEGRANTES::

De Natal-RN:
Enio/Marinês – Troller
Alexandre/Gleide/Roberto
– Land 110
Marco Aurélio/Suzete – TR4
Nakamura/Helenita/Renato – TR4
Vera/Noel/Raquel – Land 110

De Macaé-RJ:
Túlio/Heloisa
– Land 110
Álvaro/Rosângela/Bráulio – Hilux CD

De Goiânia-GO:
Cabral/Raoni
Cabralito – Land 110

O encontro dos nordestinos com os demais componentes do grupo será em Foz do Iguaçu-PR. A partir daí percorreremos as
principais cidades do Norte da Argentina e do Chile, cruzando a Cordilheira dos Andes e a região do Deserto de Atacama. Em seguida,
atravessaremos a Bolívia passando pelo grande Salar de Uyuni. Parte do grupo seguirá para Machu Picchu, no Peru, e a outra
retornará ao Brasil, passando pelo Pantanal Mato-grossense.

PONTOS MARCANTES DA VIAGEM: 33 dias de viagem, ida e volta de Natal.

– Foz do Iguaçu – Beleza pura. Sem comentários!
– Cidade de Salta-AR – muito simpática. Tem um teleférico onde se pode ver toda a cidade de cima. Ótimo chorizo!.
– Trecho Salta-San Antonio de Los Cobres – É onde o mal das alturas começa atacar. Paisagens de tirar o fôlego!
– Deserto do Atacama – São Pedro do Atacama está despertando para o turismo (felizmente ou infelizmente?). Muito simpática e
gostosa. Vale da Lua e o próprio salar são fenomenais!
– Ser apanhado por uma tempestade de areia que jateou as placas dianteiras, faróis e para-brisas, é assombroso!
– Virar o carro tem preço sim, mas não acontecer nada com nós e o carro poder seguir viagem, não tem preço!
– Geiseres El Tatio – Demonstração que a terra respira e que pode acordar a qualquer momento. Cinematográfico!
– Atacama-Uyuni – Pra mim o melhor trecho da viagem. Praticamente o tempo todo de off road. Estrada praticamente não existe
é só caminho no deserto entre montanhas e lagoas multicoloridas. Fantástico!
– Rebocar uma Land por 30 km, ficar perdidos no meio do nada e conseguir um refúgio para dormir e escapar do frio, faz parte da aventura!
– Salar de Uyuni – Andar a mais de 100 km por hora sobre uma planície de puro sal….(haja picanha pra tanto sal!). Indescritível!
– Potosí-Sucre-Sta. Cruz de la Sierra – Trecho fantástico em termos de paisagens (e poeira) entre montanhas.
– Fugir de um bloqueio pelo esgoto da cidade é desafiador!
– Pantanal Boliviano – Muitos mosquitos gigantes!
– BRASIL. Nosso Brasil não tem igual! Cansados mas já preparando a ROTA DUNAS.

ROTA INCA – Agosto/2005
Uma viagem pela Argentina, Chile e Bolívia.

O encontro dos nordestinos com os demais componentes do grupo será em Foz do Iguaçu-PR. A partir daí percorreremos as principais cidades do Norte da Argentina e do Chile, cruzando a Cordilheira dos Andes e a região do Deserto de Atacama. Em seguida, atravessaremos a Bolívia passando pelo grande Salar de Uyuni. Parte do grupo seguirá para Machu Picchu, no Peru, e a outra retornará ao Brasil, passando pelo Pantanal Mato-grossense.

15.08.2005 – Fizemos uma reunião acompanhada de um churrasco na casa do Enio, mas a atenção estava mesmo voltada para a viagem. O Túlio chegou de Macaé e amenizou nossa ansiedade entregando as camisetas e os adesivos, então, adesivamos e preparamos os carangos para o grande dia. Vamos lá que sábado está chegando!

18.08.2005 – Nos reunimos numa lanchonete onde esteve presente a imprensa que fez uma entrevista sobre nossa expedição. Todos muito alegres, porém dava para perceber a ansiedade estampada no rosto de cada um de nós, afinal o grande dia está chegando. Confirmamos a largada para 5 horas da matina, no posto Novo Horizonte na BR-101, na saída da cidade de Natal. Os integrantes de outros estados sairão em datas posteriores, e nosso encontro está marcado para o dia 24.08.2005, na cidade de Foz do Iguaçú-PR.

20.08.2005 – O grupo iniciou a Rota Inca. Saímos de Natal passamos por Alagoinhas-BA. Na planilha, a primeira parada seria em Feira de Santana-BA, porém um problema na Land da Vera nos atrasou um pouco, mas tudo foi normalizado e chegamos em Salinas-MG.

22.08.2005 – Hoje paramos para dormir em Patos de Minas-MG, já rodamos aproximadamente 1.750 km! E haja disposição hein?! Por enquanto não estamos parando para conhecer nenhum local, aonde chegamos é para descansar e seguir viagem no dia seguinte….

24.08.2005 – Cinco dias de viagem: trecho Santa Fé-PR – Foz do Iguaçu-PR. Como de costume acordamos às 6 horas da manhã e seguimos para Foz do Iguaçu, que fica a uns 470 km de distância. Passamos por de Maringá, e apesar de cedo já havia grande movimento na cidade, estudantes se dirigiam apressados para a escola, outras pessoas para o trabalho, enfim, o trânsito era intenso, porém, como a cidade é bem sinalizada não tivemos problema em atravessá-la. Logo em seguida começou a cair uma chuva forte, o tempo ficou bastante nublado, paramos para tomar café da manhã, e aí a Marinês se deu conta que deixou no hotel anterior sua necessaire com todos seus pertences de higiene pessoal. Seguimos em frente e lá pelas 10 horas o sol apareceu e pudemos observar bem a imensidão dos campos de trigo, cenário que compôs o resto da nossa viagem. Ao meio dia cruzamos a cidade de Cascavel, logo depois fizemos contato, pelo rádio, com o Túlio e o Álvaro que estavam vindo de Macaé-RJ. Aguardamos um pouco e antecipamos o encontro que aconteceu no meio da estrada. Seguimos com destino a Foz, agora um comboio de sete carros, chegamos às 15 horas. Renato, que veio de São Paulo-SP e Roberto que veio de Passo Fundo-RS, já nos aguardavam no hotel. Noel, Raquel e Helenita, também chegaram logo em seguida. No Hotel Recanto Park fomos recebidos com drink de boas vindas, e a noite nos reunimos para confraternização. Estamos aguardando a chegada de Cabral que está vindo de Goiânia-GO.

25.08.2005 – Foz do Iguaçu. Após nossa confraternização que ocorreu ontem na churrascaria Show Rafain, hoje foi um dia de relax. Pela manhã atravessamos a ponte da Amizade e fomos à cidade Del Leste no Paraguai. Acabamos comprando quinquilharias, aquelas muambas que você jura que não vai comprar e acaba não resistindo às tentações dos preços baixos. Vamos ver se funciona mesmo! Na ponte é tanto sacoleiro transitando, que mais parece um formigueiro. Na volta fomos direto para o Parque Nacional do Iguaçu, lá mesmo nos servimos de um farto buffet, e lá pelas 16:00h descemos para apreciar o show da natureza que são as cataratas. Lá aguardamos o por do sol, fizemos algumas fotos do grupo e voltamos para o hotel para reorganizar as bagagens, pois amanhã começa de fato a expedição 4×4 Rota Inca.

26.08.2005 – Trecho Foz de Iguaçu – Presidente Roque Saenz Peña. A grande expedição Rota Inca começou verdadeiramente hoje onde estão reunidos os oito carros em comboio. Saímos de Foz do Iguaçu às 7:45 h da manhã num frio de 13 graus. Primeiro passamos na aduana brasileira, onde fomos recebidos por um guarda nordestino (de Recife) que como era novato na função acabou sendo muito minucioso na conferência dos nossos equipamentos e atrasou um pouco a nossa viagem. Declaramos todos os equipamentos eletrônicos, depois passamos na aduana Argentina o que nos levou mais um tempinho parados. Paramos em vários pedágios na Argentina e por vários postos de fiscalização policial, como tínhamos declarado tudo na saída do Brasil, facilitou nosso trânsito. Passamos na cidade de Wanda-AR conhecida pelas suas pedras semipreciosas, cruzamos toda a província das Missões e entramos nas províncias de Corrientes e Chaco, que mais parecem com o nosso pantanal. Durante todas as nossas paradas pessoas se agrupavam querendo mais informações sobre a nossa expedição. Chegamos à cidade de Presidente Roque Saenz Peña às 21 horas, percorrendo hoje 813 km.

27.08.2005 – Saímos de Saenz Peña às 7:15 da manhã, poucos minutos depois do sol raiar de fato. De estômago vazio e após quase 90 Km de estradas um tanto quanto “brasileiras” paramos para fazer o duplo abastecimento. Em meio a uma planície imensa com vegetação meio cerrado meio caatinga, rumamos numa reta infinda, cheia de pássaros, cabritos, porcos e (pasmem!) jumentos. Parados pela polícia em busca de “collaboracion”, fingimo-nos de bobos e seguimos rumo a um verdadeiro off-road “on road”. Monotonia vai, monotonia vem, a estrada melhora e às 12:45 avistamos pela primeira vez a cordilheira ao longe (bem baixa). Duas horas se passam de muito visual e montanhas até que chegamos a Salta, capital da província homônima. Nesse meio tempo, percebemos que fomos enganados com diesel batizado. Mais de uma hora procurando o hotel onde estão hospedadas Heloisa (esposa do Tulio) e Gleide (esposa do Alexandre) que vieram de avião, finalmente as encontramos mas não havia vagas para todos. Com isso, Álvaro, Nakamura e Cabral se separam do resto do grupo, sendo que Cabral e o filho ficaram sozinhos, na correria resolvendo problemas até a uma e meia da manhã. A porta da Land estava emperrada e tiveram que trocar a fechadura. A praça principal, é belíssima, iluminada, cheia de edificações antigas, e frequentada pela hi-society da cidade além de, claro, turistas e crianças pedindo moedas.

28.08. 2005 – Trecho Salta – Cachi. Acordamos às 6 da manhã e terminamos a organização. Às 9 já estávamos de saída para Cachi, com toda a turma reunida. 40 minutos e 3 cidadelas depois a poeira já começava a subir. Problemas técnicos nos fizeram parar 3 vezes em 40 minutos, 2 relativos a um curto-circuito no jipe do Enio e outro no tambor de água do jipe do Cabral. Nisso, já estávamos num off-road entre grandes morros e visuais. Mais uma parada para fotos numa velha ponte e daí segue-se viagem pelo pé de uma montanha. A partir daí vamos ganhando altitude costeando morros de formações e aparências distintas, boa parte deles com cáctus (cardón) dos pés ao topo. Paramos numa cabaninha, comemos empanada doce e compramos folha de coca e nozes. A subida agora passa a ser mais íngreme e logo atingimos 3000 m de altitude. Paramos num mirante para fotos. Adentramos logo em seguida no Parque Nacional de los Cardones mas tivemos de voltar pois o trajeto para veículos estava em recuperação. Havia muitas ovelhas comendo o pouco mato seco que restava no parque. Os jipes engasgavam pela falta de ar o que obrigou alguns a acionar a reduzida num certo trecho. Passamos então pela Piedra del Molino, a 3348 m de altitude, ponto mais alto até aquela altura da Rota Inca. À 13:45 avista-se pela primeira vez a neve na cordilheira ao fundo. Novos visuais e ainda mais belos (acredite se puder!) no caminho para Cachi. Entramos novamente no asfalto, numa rodovia entre campos de cáctus e montanhas por todos os lados, estamos no deserto. 30 Km depois chegamos em Cachi, uma pacata e rústica cidade, seca e desértica, às vezes meio fantasma. Passamos num hotel mas preferimos acampar, enquanto Cabral e filho ficaram no albergue. Cabral passou mal e dormiu até o outro dia, num total de 16 horas consecutivas. Todos se instalaram e ficaram gastando tempo até as 18:30, quando fomos à internet e ao artesanato e depois ao restaurante, onde ficamos várias horas até voltar para o camping e dormir. À noite o vento parecia querer levar as barracas com tudo dentro, e aí ficamos sabendo o que realmente significa ‘rajada de vento’. É um vento fortíssimo que dura poucos momentos e depois vem a calma para mais uma vez soprar forte levantando areia contra as barracas o que criava um efeito fotoeletrostático (luzes faiscavam ao tocar a lona da barraca). Além disso, até um galho bem grosso despencou entre duas barracas e por sorte não feriu ninguém.

29 .08. 2005 – Trecho Cachi – San Antonio de los Cobres. O Sol aparece, às 7:30 quase todos já estão acordados e às 10 já estão todos alimentados e partem rumo a San Antonio de los Cobres. No caminho, enfrentamos muito cascalho e curvas sinuosas. Passamos entre lindos morros e montanhas, inúmeras formações de areia, rios e riachos de degelo, além de picos nevados de até quase 6000 m de altitude. Numa certa altura do trajeto o gelo passa e ser comum, no chão, nas paredes e nas pedras. Avista-se estalactites de gelo e também os “ventisqueros colgantes”, espécie de geleira de grande altitude, um rio congelado descendo por entre as entranhas da montanha. “Cabralito” (filho de Cabral) , se aventurou numa comprida cascata de gelo a 4500 m de altitude, num verdadeiro “Sky Bunda” nas alturas e se deu mal. Além de ficar com um belo e enorme “roxo” logo abaixo de sua nádega direita, sofreu leves cortes e perdeu seu par de chinelos, que deslizaram mais ainda pela ladeira de gelo abaixo. Ficou fraco e com muita falta de ar, mas mesmo assim criou forças para procurar o chinelo, encontrando, porém, apenas um dos pés. Após esse tragicômico episódio, alcançamos 4895 m de altitude, a maior de toda a Rota Inca, ponto que não será mais atingido (feliz ou infelizmente), o que causou faltas de ar (alguns companheiros tomaram doses de oxigênio, recomendado a essa altitude) e dores de cabeça. Muitas lhamas, guanacos, jumentos e cabras se alimentavam nas encostas das montanhas. Enfrentamos ventos fortes e frios, além de curvas fechadas e pista estreita na descida em direção a San Antonio. Chegamos na cidade às 15:30 e fomos direto a Hosteria de las Nubes, a principal da cidade. Os companheiros Túlio, Heloísa, Noel, Raquel e Vera ficaram hospedados numa casa de família, por falta de hospedagem hoteleira na cidade. A cidade com menos de 2500 habitantes é muito pobre, seca, e tem muitas tempestades de areia, o vento é fortíssimo e sopra areia para todos os lados. O resto do dia foi pacato, muitos passaram mal e alguns tiveram força para jantar.

30 .08. 2005 – Trecho S. A. de los Cobres – San Pedro de Atacama. Com o café começando tarde, acabamos saindo só às 9:45 e começamos o trajeto errado. Logo demos meia volta e pegamos as rodovias 40 e 38 em direção a Susque, na província de Jujuy. No horizonte avistava-se uma gigantesca nuvem de areia e logo estávamos dentro dela. Num altiplano entre montanhas “baixas”, passamos próximo ao Salar de Salinas Grandes, o 1º de muitos da viagem. Nessa passagem o companheiro Álvaro teve seu pneu furado, o que deu tempo para alguns conhecer o mini povoado de Cobres, que assim como San Antonio já abrigou minas de cobre há séculos atrás. Logo chegamos no asfalto e com 36 Km já estávamos em Susque, após inúmeras curvas sinuosas, subindo e descendo montanhas. Tomamos rumo para o Paso de Jama e San Pedro de Atacama, nosso destino final do dia. Mais tempestade de areia e salares no caminho para o Paso de Jama, fronteira com o Chile. Com isso nos despedimos da parte argentina da expedição, passando antes pela aduana do país “hermano” (com certeza a Argentina vai nos deixar saudades devido a suas lindas paisagens, geografia, povo acolhedor e hospitaleiro e os preços camaradas, principalmente dos pedágios e da cerveja, além é claro, de seu bife de “chorizo”. Adentramos o Chile e não víamos nada além de sal, areia, vulcões desativados, montanhas e a estreita faixa de asfalto. Nada de aduana mas a temperatura externa já estava abaixo de zero. Os motores titubeam em trechos que chegam à altitude de 4600 m. Chegamos a San Pedro ao entardecer e passamos pela aduana chilena. Depois saímos em busca de alguma estadia e conseguimos uma pousada para todo o grupo, coisa rara na nossa expedição, e um descontinho também, já que tudo aqui é caríssimo. Saímos todos para comer, tomamos um vinho e fomos dormir. O céu de San Pedro é muito bonito, a estadia de 20 dólares por uma caminha gostosa vale a pena. Amigos, estamos em Sâo Pedro de Atacama, uma cidadezinha no meio do deserto gelado.

31.08. 2005 – No nosso primeiro dia aqui nos organizamos para visitar o grande Salar do Atacama e quando estávamos a caminho, fomos atingidos por uma tempestade de areia e escutamos através de uma emissora de rádio local que era recomendável não adentrar no deserto. Voltamos praticamente sem visibilidade alguma e ficamos no hotel curtindo o frio e o vento que não parava, e aproveitamos para degustar os vinhos chilenos. Aliás, degustar não, acabamos com o estoque de vinho da pousada!! A tempestade de areia foi tão forte que fez com que as placas dianteiras dos carros ficassem totalmente brancas. Por incrível que pareça a Vera tinha em sua bagagem uma lata spray de tinta preta. Além das placas, os faróis e para-brisas ficaram opacos e tivemos que trocá-los posteriormente.0– Contratamos um guia local e fomos acompanhados ao Salar e as Lagunas Altiplanas.

01.09.2005 – Hoje fomos visitar o salar do Atacama, um de nossos principais objetivos da viagem. É considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo. Apesar de o clima ser extremamente seco, já foi registrado 400 anos sem chuvas!, há presença de rasos lençóis d’água proveniente do degelo onde a fauna local, principalmente os pássaros buscam seu alimento. Como é um parque, paga-se entrada para caminhar sobre o salar e desfrutar de uma pequena infraestrutura turística no local. Vale a pena!

02.09.2005 – Acordamos às 4 horas da manhã sob um frio de 0 grau e fomos apreciar o espetáculo dos geiseres El Tatio que fica a uns 95 km de San Pedro de Atacama. A estrada é muito bonita, passamos por montanhas nevadas, rios e lagos congelados. Chegamos ao local às 7 horas da manhã e os geiseres já estavam soltando fumarolas. O visual é lindo e deixou-nos maravilhados diante de tanta beleza. São jorros de fumaça quente brotando do chão formado por lavas vulcânicas. A medida que o sol foi nascendo por trás da cadeia de montanhas, foi dando um colorido todo especial. Tomamos o nosso café da manhã lá mesmo e por volta das nove horas, quando a intensidade dos geiseres já havia reduzido, tomamos nosso caminho de volta, com intenção de visitarmos outras atrações nos arredores. Voltávamos por uma estrada contornando a costa de uma montanha, Cuesta Chita, uma estrada de rípio com sucessivas curvas. Nossa atenção estava redrobada por recomendação do nosso guia, mas o carro do companheiro Enio derrapou numa curva de muito cascalho e capotou, mas nem ele nem a Marinês sofreram nada fisicamente. Apenas os danos materiais do Troller, que estragou a lateral, o vidro lateral e o pneu. Desviramos o carro, trocamos o pneu, improvisamos um vidro (com plástico e fita adesiva), e quando o Enio ligou a ignição o carro funcionou. Seguimos para a cidade mais próxima, Calama para realinhamento das rodas e reposição do vidro. Também fizemos um BO junto a polícia chilena, para evitar algum contratempo na nossa saída do Chile. Enquanto aguardávamos o conserto do carro, fomos ao super mercado local e nos abastecemos para a nossa próxima etapa, Bolívia.

03.09.2005 – Levantamos bem mais tarde, lá pelas 10 da manhã, o que demonstrava que o dia seria tranquilo. A maioria ficou arrumando suas “tralhas” e depois fomos almoçar. Saímos tarde do restaurante e voltamos para o hotel para “fazer hora”, aguardando o momento para conhecer o Vale da Morte e o Vale da Lua. Essa foi a atração mais próxima de San Pedro que visitamos. O Vale da Lua é ideal para se ver o pôr do sol. Porém, para se ter esse prazer e esse visual, tem-se que vencer duas grandes dunas, uma subida que leva aproximadamente 45 minutos. O caminho é estreito, para uma pessoa apenas e se dá pela “crista” da duna, pois é proibido sair da trilha, a fim de não afetar o ecossistema. Às 20 h já estavam todos de volta, e começamos o preparo de um churrasco, o 1º da expedição, quando o vento deu uma trégua. No dia seguinte partiríamos para a Bolívia.

04.09.2005 – Acordamos bem cedo para passar pela aduana antes dos ônibus de turistas, mas ela só abriria às 8 da manhã, o que nos fez esperar cerca de 1 hora. Em compensação, o serviço alfandegário foi rápido e às 8:30 já estávamos de saída para a Bolívia, despedindo-nos do Chile, um lugar de pessoas acolhedoras, educadas e bem-humoradas. Conhecemos vulcões, lagunas, geisers e salares, numa região de deserto altiplânico, situado entre uma cadeia de vulcões (55 só na região II do Chile, a qual pertence San Pedro) em cima dos Andes e outra cordilheira (a do Pacífico) mais baixa, tudo isso com altitudes variando entre 2300 e 6000 metros, no topo dos picos. Passamos pela aduana boliviana (dois dólares por pessoa) e partimos rumo a Uyuni. Logo depois adentramos a área da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, com sede em frente a belíssima Laguna Verde (5 dólares por pessoa). 70 quilômetros depois passamos pela identificação de veículos, a mais de 5000 m acima do nível do mar, batendo o recorde, até aqui, de altitude da Rota Inca, o que causou forte mal-estar na maioria do pessoal, alguns já respirando com auxílio de oxigênio. Dali descemos rapidamente (o mal da montanha não tem remédio) em direção à maravilhosa Laguna Colorada, abarrotada de flamingos, camelídeos (lhamas e vicunhas), sal e gelo. O visual é impressionante. Mesmo depois do que vimos na Argentina e no Chile, as belezas naturais bolivianas conseguiram nos surpreender. A partir daí, foi só aventura. Não era mais uma estrada, uma pista, e sim um deserto inóspito num altiplano gigantesco e sem vida, entre montanhas e vulcões. A paisagem alternava com dunas, campos de pedras e areia grossa. Quando os caminhos confluíam para uma trilha mais marcada, eram pedras ou “costelas de vaca”. Passamos no meio de um santuário de pedras esculpidas pelo vento e pelo tempo, onde a atração principal era a “Arbol de Piedra”, que adquiriu o belo formato de árvore devido a ação do vento. De repente o Defender do Alexandre “morre”, sem explicação. Depois de várias tentativas de conserto, sem sucesso, amarramos o jipe com cinta de tração na 90tinha do Cabral. Andamos umas 6 horas, com velocidades variando entre 5 e 90 km por hora, mesmo com o jipe rebocado. Os companheiros Álvaro, Marco Aurélio e Nakamura seguiram à frente rumo a Uyuni, para tentar agilizar hospedagem e socorro inclusive porque o primeiro também já estava com problema de bateria, mas também tiveram contratempos, soubemos no dia seguinte quando os encontramos em Uyuni. O desespero para quem ficou só aumentava, principalmente depois de escurecer e descobrirmos que o caminho não seria concluído a tempo, devido a dificuldade de alguns trechos e a distância de qualquer recurso. Isso nos fez pensar até na possibilidade de dormir no deserto, no meio do nada. Até que lembramos de uma placa vários quilômetros atrás, numa bifurcação, que indicava uma Associação de mineiros e uma pousada. O desespero aumentou mais ainda quando, após voltar e percorrer a trilha por maior distância do que o indicado, não encontramos, a suposta pousada. Uma bifurcação no topo de uma longa subida sobre pedras nos fez parar para uma conferência e decidir o que fazer: aguardar o amanhecer dentro dos carros, já que a falta de lugar para acampar, o vento e o frio não deixavam alternativa, ou deixar o jipe do Alexandre e tentarmos seguir em frente, à busca da estrada leste para Uyuni e retornar no dia seguinte com resgate. Resolvemos explorar um pouco mais as duas trilhas montanha abaixo, por mais uns dois quilômetros, antes de tomar uma das medidas. Enio e Túlio enveredaram cada um por uma delas. Enquanto aguardávamos, os colegas que seguiram adiante voltaram a contactar pelo rádio, depois de muito tempo sem sinal. Não tinham conseguido acessar a estrada para Uyuni ainda, mas estavam em movimento. Assim que saíram do alcance, o colega Túlio avisa que encontrou uma luzinha e, ao se aproximar, constatou que se tratava da tal “pousada”, uma espécie de abrigo para montanhistas com quartos coletivos e que tinha espaço para todos. Finalmente ela estava lá, aos pés de um grande vulcão, a quase 4500 m de altitude. Totalmente exaustos, dormimos do jeito que estávamos, logo após bebemorarmos com um delicioso vinho chileno. Ninguém se queixou da rusticidade do abrigo. Este dia não sairá da memória!

05.09.2005 – A noite foi fria, a ponto de atrapalhar o sono. 5 graus negativos. Às 9:30 estávamos na estrada rumo a Uyuni, acelerados. Descobrimos que o problema do jipe do Alexandre era o fusível do cortador automático do combustível, resolvido graças à engenhosidade do Túlio “MacGyver”. Cerca de 200 Km de estradas de condições variadas, chegamos a Uyuni, pouco após avistar montanhas “flutuando” no horizonte, efeito da luz do sol refletindo no salar, algo semelhante com miragens de deserto, produzindo um visual impressionante. Encontramos os companheiros que já estavam na cidade e fomos almoçar. Soubemos então que, além de se desviarem da rota e terem que abastecer à noite no frio do deserto, o Álvaro achou por bem furar mais um pneu (o 3º em 6 dias!). Decidimos não ir ao Salar de Uyuni devido ao horário, então abastecemos, fomos ao cemitério de trens da cidade e depois ao centro, comprar agasalhos e acessórios locais para o frio e comer. Voltamos às 10 e fomos dormir, nos preparando para passar o dia de amanhã no grande salar de Uyuni.

06.09.2005 – Na entrada do Salar de Uyuni, barracas de artesanato simples, mas típico, principalmente as pequenas esculturas em pedra de sal. Compramos algumas lembranças. Já rodando sobre o mar de sal sólido, passamos por uma área de mineração de sal. Curiosos montes de sal grosseiramente raspado formam pequenas pirâmides. Chegamos ao curioso hotel de sal Playa Blanca, todo construído de blocos de sal, inclusive os móveis. Dali partimos para a chamada Ilha do Pescado, devido a sua forma. Formações curiosas de corais e cardones (grandes cáctus) que crescem à razão de 1 cm ao ano, além das grutas, são as principais atrações, mas a vista do topo da ilha é deslumbrante. Ela é uma das mais de 50 do arquipélago que emerge do salar, que tem uma extensão de 12.000 km quadrados, com espessura de 3 m nas bordas até 120 m mais para o meio. Um almoço leve no pequeno restaurante proporcionou um descanso e energia para enfrentar o restante do passeio. Como o salar está a uma altitude de 3600 m, qualquer esforço produz cansaço. Diferentemente do salar de Atacama, aqui o sal não se mistura ao solo, argila e outros minerais -ele é puro, quase liso e onde há rugosidades ou montículos, eles são de sal. Nos deslocamentos, apesar da trilha em tom escuro deixada pelos pneus, cada um faz o trajeto que quiser. Incrível imaginar que você está rodando a 120 km por hora em cima de um mar de sal! Em dado momento, alinhamos os 8 veículos lado a lado para fotos e filmagem a alta velocidade. No verão o salar é coberto por uma lâmina d´água de até 30 cm. O deslocamento, só de 4×4, deve ser emocionante. Visitamos um lugar chamado Cueva del Diablo numa das bordas do salar, onde a água ainda não havia secado totalmente (persistem alguns locais pantanosos depois da inundação anual). Cavernas com formações calcárias e noutra um cemitério com múmias pré-incaicas em algumas tumbas, nos põem a imaginar como viviam os nossos ancestrais. Impossível ficar indiferente, ainda mais em meio a grandeza exuberância da natureza, seja o deserto, a cordilheira ou o céu desses lugares. De volta a Uyuni, desviamos um pouco para passar na ilha Tunupa, formada por um lindo vulcão de mais de 5.000 m, com alguns povoados ao pé. Uma trilha que só pode ser galgada por 4×4 nos leva a mais um cemitério de múmias e uma vista de tirar o fôlego, já curto devido a altitude. Já no escuro, deixamos o deserto de sal, não sem antes pararmos para apreciar a noite e o lindo céu estrelado.

07 .09. 2005 – O dia amanheceu menos frio, mas igualmente muito seco.Os lábios, mas principalmente as mãos doem e se ferem por qualquer coisa e às vezes até espontaneamente. Desde que subimos a cordilheira, a partir de Salta, temos sentido a rudeza do frio, da secura e da altitude. A cada dia uma pessoa manifesta uma reação diferente à altitude, já aconteceu de tudo, diarreia, dor de cabeça, astenia e falta de ar, náuseas e tonteira. Haviam nos alertado para as dificuldades do trajeto até Potosi, mas apesar das péssimas condições do cascalho, o que torna mais lento o deslocamento é o relevo, com curvas muito perigosas e ausência completa de sinalização. Tudo ia bem, quando, num retão do deserto, com pista um pouquinho melhor, o jipe do Alexandre, o gaúcho do nordeste, fica sem freio. Voltamos a rodar duas horas depois, após mais uma intervenção decisiva do Túlio McGyver. Depois de mais de 100 km, novas elevações abrigavam pueblitos típicos, mas igualmente isolados, sempre ao longo da trilha. Um pouco mais de verde e água em vales habitados. Percebemos que estamos atravessando a chamada cordilheira oriental, aquela que não deixa a umidade chegar à cordilheira ocidental, contribuindo para o clima desértico que enfrentamos até agora. Avistamos as primeiras nuvens que, no frio da montanha, se transformam rapidamente em neve e muito granizo. Apesar da beleza que proporcionam, molham o rípio, que vira lama. Não deu outra: numa subida, dois ônibus atravessados, um deles atolado, já provocando fila nos dois sentidos, porque o tráfego começava a aumentar. Graças a um verdadeiro mutirão, abriu-se uma brecha e conseguimos passagem, curtindo a beleza do contraste entre o escuro dos picos e a brancura do gelo, já com pista seca de novo. Chegamos a Potosi ao final da tarde, ainda claro, em meio a um trânsito caótico e uma barulheira infernal (depois de tantos dias no silêncio do deserto). Deu tempo para troca de óleo (que na Bolívia, não se faz nos postos!), compra de pneus (Álvaro) e atualizar o diário na Internet e, finalmente, o jantar de despedida.
Potosí, a cidade mais alta das Américas (4070 m). O povoado original foi fundado em 1545, após a descoberta casual da prata pelo índio Diego Hualpa, no vulcão Sumaj Orcko, ou Cerro Rico (5183 m), ao lado da cidade. De uma população inicial de 3000 índios e 170 espanhóis que vieram de Colque Porco, área de mineração que atravessamos no caminho, liderados por Vilarro, Zenteno e outros, que tomaram posse da região em nome de Carlos V (então imperador também da Espanha), atingiu mais de 125 mil pessoas em 1560. Como comparação, Londres tinha 100 mil, Paris 60 mil e Madrid 10 mil. Sevilha , a maior cidade da Espanha e Lima, então capital do Vice-Reinado na América, tinham 45 e 38 mil habitantes, respectivamente. Hoje com 142 mil habitantes, Potosi chegou a 160 mil em 1610. Incrível engenharia de abastecimento de água, administração e outros serviços se instalaram para atender à explosão demográfica.

08.09.2005 – O grupo se dividiu, Ênio, Marco Aurélio e Nakamura começam a viagem de volta para o Brasil. Os demais: Alexandre, Tulio, Álvaro, Noel e Cabral seguiram para o Perú (Machu Pichu). Para ler a saga destes aventureiros na volta para o Brasil, vá ao blog: http://rotaglacial.blogspot.com/

Após a nossa separação em Potosi, seguimos para Sucre em uma viagem com grandes atrativos em termos de paisagem, com estrada asfaltada e bastante curvas em relevos acentuados. Sucre é uma cidade muito bonita e interessante. Ficamos hospedados em um hotel 5 estrelas mas barato. Fizemos compras, principalmente artigos de prata ( a Marinês adorou) e um rápido city tour. Saímos a noite para um belo jantar com direito a chopp Paceña. Saímos de manhã cedo com destino a Sta Cruz de la Sierra. A estrada começou já ruim com muita poeira e curvas. Na cidade de Aquile, encontramos os já famosos bloqueos bolivianos. Tivemos que deixar os carros e caminhamos uns 4 km para encontrar alguém com quem pudéssemos conversar e nos liberar para seguir caminho. Não conseguimos convencer ninguém. Esperamos mais um tempo e com a ajuda de alguns caminhoneiros conseguimos furar o bloqueio, passando por cima de alguns obstáculos e entramos na cidade. Abastecemos os carros e seguimos viagem. Barreira na saída também! Mais horas perdidas. Conversa com os sindicalistas e nem papo. Depois de algumas horas, uns caminhoneiros nos deram a dica que poderíamos desviar o bloqueio por um caminho alternativo que nossos carros 4×4 não teriam problemas. Lá fomos nós procurar o tal caminho. Pedíamos informações mas ninguém queria ajudar. Finalmente descobrimos o possível caminho. Começamos a rodar, em um verdadeiro off road, e descobrimos que estávamos andando em um leito seco de rio onde o esgoto da cidade corre. Após muitos buracos, pedras e mer……conseguimos ultrapassar esta última barreira. Isto tudo nos tomou umas 6 horas. Seguimos viagem e não pudemos chegar em Sta Cruz. Acabamos dormindo em Saipina . Esta parada foi bastante divertida. A cidade de Saipina se resume a uma rua principal, não asfaltada, com meia dúzia de casas (ou barracas?) comerciais onde se vende de tudo. O hotel, com certeza o único, “14 de setiembre”, tinha uma televisão na entrada que mais parecia uma tela de cinema de tão grande, 90/100 polegadas! e o piso era quase de chão batido! Nos quartos tinha cortinas mas transparentes que a Suzete apropriadamente chamou de “cortinas eróticas” e um só banheiro para todos. Meia noite, todo mundo no maior sono, uma banda marcial começa a tocar. Acordamos assustados mas ao mesmo tempo começamos a rir da situação. Imaginem uma banda marcial completa nos teus ouvidos! No dia seguinte perguntamos ao dono do hotel o que foi aquela banda e ele nos disse que foi comemoração pelo aniversário da mãe dele. Aí percebemos que a preparação de comida para a festa estava a todo vapor.

10.09. 2005 – Saímos de Saipina -BO com intenção de dormirmos em São Jose dos Chiquitos-BO. Muitas curvas e a maior concentração de poeira de toda a viagem, um caminho demorado mas mesmo assim lindo. Resolvemos apenas atravessar Santa Cruz de La Sierra, pois já estávamos atrasados devido as condições da estrada. Logo depois, paramos para abastecer e comer um PF em um posto de gasolina e seguimos em frente. Alguns quilômetros adiante de Sta Cruz encontramos o trânsito parado e já tomamos um susto pensando que era mais um “bloqueio”. Chegamos na saída da cidade no horário que passa o Trem da Morte, ambos os transportes rodoviário e ferroviário passam pela mesma ponte. Como é uma ponte estreita para duas mãos eles liberam primeiro uma mão e depois a outra. Com o grande movimento tivemos que esperar mais de uma hora. Finalmente pegamos o ramo rodoviário para Corumbá. Já começa com muitos buracos e muita poeira novamente. Mais um atraso na nossa viagem. Neste trecho o Marco Aurélio estoura dois pneus ao mesmo tempo quando passou sobre uma pedra. Sorte que o Nakamura tinha um estepe também. O problema agora era como trocar os pneus debaixo de um verdadeiro ataque de mosquitos. Não apenas pernilongos como nós conhecemos aqui no Brasil, eram duas vezes maiores e famintos. A Marinês e a Suzete ficaram dando toalhadas no ar para amenizar a situação. Procuramos uma borracharia para ficar com pelo menos um estepe. Mais atraso! Seguimos viagem mas a noite caiu logo e tivemos que pernoitar próximo a um posto sanitário de beira estrada, dentro de nossos carros no meio de vacas e alguns caminhões. Foi uma noite longa e cansativa. O Nakamura deixou as portas do carro abertas durante a noite devido ao calor e os mosquitos não deram trégua. Ah sim, esqueci de falar dos pedágios. Depois de pagarmos pelo trecho que iríamos rodar (os oficiais), a cada novo que passávamos, era solicitado uma colaboracion (obrigatória) de 10 bolivianos por cada carro, para ajudar na compra da coca.

11.09.2005 – Acordamos cedo e logo partimos, sem café da manhã. A estrada melhorou um pouco e a partir de San Jose dos Chiquitos começou o asfalto (cimento) mas ainda não se podia transitar. Foram cerca de 50 km andando ao lado do asfalto e 30 km sobre ele!! Terminado o asfalto, mais terra e começou a chover o que deu um pouco mais de emoção ao trecho com algumas escorregadelas e algum barro. Finalmente Puerto Soares! Atravessamos as aduanas boliviana e brasileira já fechadas e fomos dormir em Corumbá para no outro dia retornar e legalizar os passaportes. Ah! já ia esquecendo, quando estávamos chegando em Puerto Soares, tinha um pedágio e mais uma vez, depois de tantas, fomos solicitados a dar uma “colaboracion” de 10 bolivianos por carro.

12.09.2005 Após três dias de mais aventuras, estamos no Brasil. Corumbá. Café da manhã como no Brasil não existe! Voltamos a Bolívia para acertar a documentação e aproveitamos para passar pela zona franca para comprar mais algumas coisinhas. Adivinhem o que aconteceu na aduana Boliviana?! Mais uma “colaboracion” de 10 bolivianos por pessoa ou 3 dólares. Novamente em Corumbá, almoçamos e partimos para o Pantanal. Muitos pássaros, tuiuiús, jacarés, etc, mas com o frio eles também não estavam muito a vontade. Encontramos um ótimo lugar para fazer um camping e acordar com a bicharada do pantanal mas em consideração a faringite e muita tosse do Nakamura, resolvemos procurar um hotel e acabamos dormindo em Miranda. A noite comemoramos mais um dia de viagem com um bom vinho chileno de nosso estoque.

13.09.2005 – Nordestinos: Deslocamento por estrada asfaltada tipicamente brasileira, isto é, alternância de estrada ruim com trechos bons. Passamos por Campo Grande para deixar o Renato Nakamura na rodoviária com destino a São Paulo. A curiosidade das pessoas ao ver os carros enlameados até o teto é geral e muitos fazem perguntas sobre o roteiro e a viagem. Após mais um dia exaustivo de viagem, dormimos em Lagoa Santa-GO que, para nossa surpresa, só tinha internet na prefeitura! Desta vez a comemoração foi com whisky da zona franca.

14.09.2005 – Lagoa Santa a Formosa-GO sem muitas novidades.

15.09.2005 – Saímos de Formosa-GO com intenção de dormirmos em Bom Jesus da Lapa-BA, chegamos à cidade ainda cedo e como era dia do padroeiro, a cidade estava lotada de romeiros. Decidimos esticar um pouco mais, e agora estamos na cidade de Ibotirama, as margens do Rio São Francisco, saboreando um surubim na brasa, com cerveja gelada. Amanhã seguiremos para Lençóis.

16.09.2005 – Agora é só alegria, já estamos na Bahia. Logo cedo, ainda no hotel, Nakamura percebeu que o pneu do seu carro estava furado. Mais atraso…, substituição e remendo. Ainda no hotel recebemos a informação que a BR 242 estava bloqueada, caminhoneiros protestando por melhoria naquela rodovia (ah não! bloqueio novamente? Já não chega o que sofremos na Bolívia). Mesmo assim seguimos viagem na expectativa de negociarmos com os grevistas. Sorte nossa! A estrada já tinha sido liberada, havia apenas resquícios de paus queimados nas estradas. Neste mesmo percurso (Iboritama-Lençóis) já aproveitamos para visitar as grutas: da Fumaça, Azul e Pratinha), todas de rara beleza. Que pena não deu para fazer o mergulho na caverna, já era tarde e os guias já haviam encerrado a atividade. Aproveitamos para subirmos ao Morro do Pai Inácio e apreciarmos o pôr do sol lá de cima. Neste percurso encontramos o guia Edson que acompanhava um casal de paulistanos (Luiz e Karina). Este guia, faz parte da associação de guias mirins de Lençóis, e já havia acompanhado Marco e Nakamura, no ano passado, aproveitamos e já acertamos uma programação para o dia seguinte.

18.09.2005 – Saímos de Andaraí logo cedinho, porque traçamos o plano de dormir em Penedo, já no estado de Alagoas. Escolhemos o trecho onde atravessamos o Rio São Francisco em uma balsa. Nossa única parada, além dos abastecimentos e lanches, foi para ajudar um vendedor ambulante que furou o pneu, e estava sem chave para trocá-lo. Chegamos na balsa já às 19 horas, noite de lua cheia, tudo para uma linda travessia, se não fosse uma chuvinha que nos acompanhou, ficou nublado e durante a travessia todos tivemos que ficar dentro do carro porque na balsa não havia proteção. Nos acomodamos no hotel colonial em Penedo (às margens do Rio São Francisco) e fomos jantar no restaurante Forte da Rocheira. Enio que gosta de tudo exótico, preferiu comer carne de jacaré, os demais foram de peixe e camarão.

19.09.2005 – Acordamos mais cedo hoje porque nossa meta é chegar em Natal. A rodovia litorânea que liga Penedo-Maceió-Recife já é nossa conhecida, mas não perde o seu encanto. Andamos poucos km e já avistamos o mar. Como diz a canção: quem é do mar não enjoa, ficamos eufóricos. Enio sugeriu irmos vagarosamente pela beira da praia, desfrutando aquele maravilhoso litoral alagoano. Vamos acrescentar mais um dia na viagem. Tudo bem, todos concordaram. E assim fizemos, fomos curtindo a simplicidade dos lugares e a alegria das pessoas. Segunda-feira, mas muita gente nas praias, uns pescando, outros jogando, outros somente caminhando. Quando encontrávamos obstáculos, nos embrenhávamos pela mata atlântica, canavial, coqueirais, lamaçal … até que o carro do Enio resolveu atolar a beira mar, num riozinho moleza (diz ele que atolou de propósito, só para inaugurar o guincho que ele comprou especialmente para esta viagem). Marco tentou puxar com uma corda e atolou também. Nakamura veio como reforço, com uma cinta, e nada. A esta altura os pneus do carro do Enio já estavam quase todo atolado em função da areia trazida pela correnteza da água, tinha que ser usado o tal guincho. Estávamos na praia do Gunga, rodeados de falésias coloridas, um local perfeito para um acampamento improvisado. Mas o guincho funcionou mesmo. Saímos do atoleiro e fomos comer ostra crua e agulhinha frita nas barraquinhas na beira da praia. Um conselho aos leitores: passando por Maceió, não deixem de visitar esta praia do Gunga, na barra do Rio São Miguel, é um lugar lindo, especial. Prosseguimos a viagem e fomos até Porto de Galinhas, já em Pernambuco. Chegamos a noite mas ainda deu tempo garimpar uns artesanatos (que por sinal são de excelente qualidade e beleza).

21.09.2005 – Chegamos em Natal, missão cumprida!!


Foram acrescentadas algumas fotos no site :
http://rotainca.fotopages.com/

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